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- Os 3 principais tipos de recursos linguísticos
- 1. Elementos enfáticos
- 2. Elementos de coesão
- 3. Elementos retóricos
- Alguns recursos ortográficos:
- Exercícios sobre Recursos Ortográficos – Vamos praticar?
Os recursos linguísticos são formas usadas para expressar experiências comuns de forma original, motivada ou poética em um discurso.
Para atingir esse propósito, figuras de linguagem ou estilo são empregadas para valorizar um texto de modo com que esse comunique seu conteúdo com uma linguagem mais expressiva.
Os recursos linguísticos existentes podem ser agrupados em 3 grupos principais: elementos coesivos, elementos enfáticos e elementos retóricos.
Os 3 principais tipos de recursos linguísticos
1. Elementos enfáticos
Os elementos enfáticos são usadospara destacar uma parte do discurso:
- Advérbios e frases adverbiais
Os advérbios sozinhos não criam ênfase. Porém, a posição deles dá ao discurso um significado especial quando há mudança na ordem original da sentença:
Provavelmente a Mônica não chegou no horário.
A Mônica provavelmente não chegou no horário.
Na primeira frase, a ênfase não ocorre, enquanto no segundo exemplo há o destaque para o senso de incerteza da frase (provavelmente).
O recurso linguístico assíndeto consiste na supressão da conjunção copulativa “e” nas orações complexas. Em algumas frases, essa ausência promove um senso de sinonímia que destaca o valor da sentença.
Exemplo:
- Ela foi uma médica e uma vencedora.
- Ela foi uma médica, uma vencedora.
No último exemplo, o apagamento da conjunção enfatiza o status de vencedora do sujeito.
Esse processo é uma oposição ao anterior. Por isso, aqui há a repetição de uma conjunção de coordenação. Esse efeito é realizado para atrair a atenção do leitor e dar a sensação de persistência no texto.
- Eu estava falando com ele e continuei falando e falando, porque, quem sabe, ele começa a entender.
2. Elementos de coesão
Os elementos de coesão são usados para estabelecer a organização do texto através de relações de ideias e, assim, promover um texto com unidade e não um aglomerado de pontos dispersos.
Os conectores são palavras que estabelecem pontes entre as frases e os parágrafos do texto. Eles podem indicar, por exemplo, hierarquia, relações temporais, oposição.
Exemplos
- a) Hierarquia: “Primeiro”, “segundo”, “por um lado”, “por outro”;
- b) Oposição: “mas”, “em vez”, “no entanto”, “embora”, “agora”;
- c) Conclusão: “em resumo”, “juntos”, “em soma”, “consequentemente”;
- d) Tempo: “ao mesmo tempo”, “próximo”, “depois”, “antes”.
Referência
As referências são usadas para criar coesão e podem ser de dois tipos: anafórico e catafórico.
3. Elementos retóricos
Os elementos retóricos são usados para promover variedade no texto. Dentre as figuras retóricas disponíveis na língua podemos destacar o símile, a antítese e a metáfora.
Esse é um recurso de comparação entre dois elementos que se assemelham em certos aspectos. A partir do símile, é criado um link linguístico. Geralmente, a palavra usada nesse processo é o “como”.
Exemplo
- “Ler ensina como uma escola”.
Nessa construção, o sentido de ensinar está sendo reforçado, com isso, é criado um efeito maior do do que se estiver escrito apenas “Ler ensina”.
Através da antítese podemos estabelecer uma relação entre duas ideias que se contrapõem.
Exemplo
- “Sua alma subiu ao céuSeu corpo desceu ao mar”
(Ismália, de Alphonsus de Guimaraens)
Dentre os elementos retóricos que apresentamos aqui, a metáfora é o mais comum.
Através desse recurso, conseguimos comparar dois elementos diferentes, entre os quais existe uma relação de similaridade. Essa similaridade pode ser subjetiva, isto é, ela depende do ponto de vista do discurso construído.
A metáfora é tão comumente usada que, muitas vezes, a usamos nas conversas cotidianas e nem percebemos.
Exemplo:
- “Ela é um passarinho”.
Nessa frase a comparação do sujeito “ela” com “passarinho” pode levar a várias interpretações, porém, ao ouvi-la dificilmente se entenderá que “ela” é um animal com asas.
A análise que vai ser feita a partir desse texto também pode levar em conta aspectos culturais e em nome de interesses diversos (educativo, econômico, religioso, político, entre outros).
Quando se escreve um texto, usa-se alguns recursos ortográficos que estamos acostumados para demonstrar sentimentos e dar efeitos de término e começo nos textos: são os sinais de pontuação, como as reticências, as exclamações e as interrogações, por exemplo.
Tudo isso em um contexto textual pode atribuir novos sentidos, ou seja, novas significações que vão ser interpretadas por nós leitores. Por isso, é importante reconhecer esses recursos ortográficos, para que assim possamos interpretar o que o autor do texto quer dizer.
Segundo alguns autores gramaticais, muito do que se pode chamar de recursos ortográficos envolve de algum modo a transgressão da ortografia-padrão. Essa transgressão faz com que nos aproximemos do discurso escrito ao discurso da fala. Isso também pode produzir efeitos de estranhamento, crítica ou especulação.
A liberdade de escrever e fazer uso desses recursos está muito presente nos textos narrativos e também nos gêneros textuais como poemas e propagandas. O uso da metalinguagem e de recursos retóricos de convencimento dos leitores podem ser outros recursos utilizados nos textos para dar efeito de sentido.
Alguns recursos ortográficos:
Uso de metalinguagem – A metalinguagem coloca em evidência o código da comunicação. É quando falamos de si próprios, da própria linguagem, etc. O código usado para estabelecer comunicação é o centro da mensagem, ele explica a si mesmo.
Essa função terá o propósito de esclarecer, refletir, discutir num ato de comunicação em que se usa a linguagem para falar sobre ela própria. É a linguagem das bulas de remédios, dos dicionários, etc.
Exemplo: O programa Vídeo Show era um exemplo forte de metalinguagem, pois se usa o “código” da televisão (programa de TV) para falar sobre a própria televisão (outros programas de TV).
Função Poética nos textos – Essa função da linguagem encontrada nos poemas retrata a mensagem por si é posta em relevo. É a linguagem dos poemas e prosas poéticas (literária), da publicidade criativa e afins. Ela é construída de forma criativa e inusitada. Essa função usa vários recursos gramaticais: figuras de linguagem, conotação, neologismos, construções estruturais não convencionais, polissemia etc.
Função emotiva nos textos – Essa função pode ser demonstrada de diversas formas nos textos: nas propagandas fazendo com que os leitores sintam-se comovidos e queiram ajudar ou comprar algo, por exemplo. Ela dá valor aos sentimentos e singularidades afetivas do emissor da mensagem (texto).
Caixa alta: Quando usado dar a entender ao leitor que alguém está estressado, gritando ou que deseja chamar a atenção. Mais do que isso,a caixa alta também é um recurso estético na publicidade. E, quando se trata de títulos, nomes de marcas e outras expressões curtas, o recurso da caixa alta é bastante utilizado.
Negrito: Usado para marcar o texto destacando partes importantes.
Itálico: Usado para expressar uma fala, destacar algum objeto e também quando se tem palavras estrangeiras no texto, e por isto elas aparecem com esta leve inclinação e distorção na grafia.
Interjeição: A interjeição é a palavra invariável que usamos para exprimir sentimentos súbitos e emoções. Ela está presente nas histórias em quadrinhos, em propagandas e também em textos narrativos, e são seguidas de ponto de exclamação.
- Exemplos:
- Simples sons vocábulos: Ah!, Oh!, Ô!Uma palavra: Atenção!, Cuidado!, Avante!
Um conjunto de palavras: Cruz credo!, Ora bolas!, Puxa vida!
Pontuação: Exclamações (marcadas pelo sinal “!” após interjeições e no fim de frases enunciadas com entoação exclamativa); Interrogações (São usadas para marcar o final de frases interrogativas diretas. Nunca usadas no fim de uma interrogativa indireta).
- Exemplos:Entendeu?Será que vai chover?Olá!
Que susto!
O apresentador de TV Sílvio Santos desenvolveu um estilo de comunicação em que utiliza exclamações e interrogações em suas frases de efeito, em seus bordões para animar o auditório.
Exemplos de bordões utilizados com frequência pelo apresentador Sílvio Santos:
- Quem quer dinheiro?
- Silvio Santos vem aí!
- Minhas colegas de trabalho!
- Sai pra lá, sai pra lá!
O uso de recursos ortográficos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e auxilia o leitor na construção de novos significados. Nesse sentido, é importante conheçamos os diferentes gêneros textuais: como piada, charge, classificados, propagandas, etc. O leitor deve ter sensibilidade para perceber os efeitos de sentido além do texto.
Na prova do Enem vimos que as charges, os textos de humor ou as letras de músicas, que denotam um sentido irônico ou humorístico do texto, são bastante utilizados para testar a compreensão textual.
No Enem também algumas questões apresentam histórias em quadrinhos, que são marcadas pelas interjeições ou às vezes não necessariamente pela escrita, mas por uma expressão verbal inusitada ou por uma expressão facial da personagem.
Aula Gratuita sobre Recursos Ortográficos
Para aprender um pouquinho mais confira essas videoaulas:
Recursos linguísticos:
Aula Gratuita sobre Recursos expressivos:
Exercícios sobre Recursos Ortográficos – Vamos praticar?
1 – Reconheça o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
A CHUVA
A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.
ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.
Todas as frases do texto começam com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para
(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
2 – Localize as relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
Na tirinha, há traço de humor em
(A) “Que olhar é esse, Dalila?”(B) “Olhar de tristeza, mágoa, desilusão…”(C) “Olhar de apatia, tédio, solidão…”
(D) “Sorte! Pensei que fosse conjuntivite!”